Entrada da Cidade das Margaridas (cidade criada para hospedar as participantes do movimento |
"Melhor morrer de luta do que morrer de fome, Margarida, Margarida, esse é seu nome", dizia uma das músicas que cantavam. E elas vieram em peso. Mais de 100 mil trabalhadoras do Norte ao Sul do país, do campo e da florestra, deixaram a Cidade da Margaridas, no Parque da Cidade, em Brasília, onde estavam acampadas, e colocaram o pé na estrada logo às 7 da manhã para compor a maior manifestação de mulheres da América Latina.
Debaixo de um sol muito intenso, um trio elétrico animava a caminhada e lembravam ao Brasil a pauta da manifestação. Pontos como o combate à violência contra a mulher por meio da ampliação de recuros para o cumprimento da Lei Maria da Penha, a regulamentação da agricultura familiar como processo fundamental para o desenvolvimento sustentável e a isenção de impostos a toda a cadeia orgânica e agroecológica estiveram presentes no discurso. Além, claro, do eixo fundamental: a reforma agrária.
Central levou mais de 30 mil trabalhadores e trabalhadoras de todo Brasília ao DF
O sonho que eles sonharam
A parte final da Marcha contou com o discurso de lideranças de movimentos sindicais, de organizações feministas e de parlamentares. Pessoas que direta ou indiretamente estão ao lado dos camponeses. Presidente da Contag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura), Alberto Broch destacou que a mobilização ia muito além da entrega da pauta de reivindicações ao governo. "Fica uma lição de cidadania e a visibilidade às mulheres do campo, que têm dupla, tripla jornadas e produzem a cultura que essa país tem e queremos que preserve. Oxalá essa luta chegue ao Congresso para que sejam aprovados medidas importantes como a PEC do Trabalho Escravo e a reforma política para que mais mulheres possam ter espaço."
Muito emocionada, a atriz e militante Letícia Sabatella lembrou a origem da luta que as Margaridas, presentes nesta terça no Distrito Federal, empreenderam. "Se hoje estamos aqui para defender direitos mais humanos é porque nós somos hoje o sonho sonhado por tantas mulheres que tiveram seus gestos muitas vezes reprimidos, ceifados e assassinados, mas não tiveram seus sonhos cortados. Nós somos o sonho sonhado de muitas mulheres que vieram antes de nós."
Secretária do Meio Ambiente da CUT e coordenadora geral da Marcha das Margaridas, Carmen Foro, deixou bem claro qual o modelo de Brasil desejado pelas Margaridas. "Alguns perguntaram se eu achava que havia 100 mil mulheres em Brasília. Eu disse que não, que tinhamos milhões, porque essas que vieram trouxeram na ama o desejo de transformação de todas aquelas que não puderam vir. Todas que foram assassinadas, ressurgiram hoje, portanto, Margarida Alves vive entre nós para dizermos que queremos um país com desenvolvimento, mas que esse desenvolvimento seja social, econômico e também ambientalmentere responsável", disse.
Já a secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Rosane Silva, lembrou o processo de construção da atividade, nos 27 estados, com apoio das federações filiadas à Central em todo o país. Citou ainda a importância da ampliação da oferta de creches no campo e na cidade como forma de garantir a autonomia das mulheres, além da necessidade do processo de distribuição de renda incluir a ampliação de crédito e a oferta de assistência técnica às trabalhadoras rurais. Por fim, encerrou com uma frase da própria presidenta Dilma. "Nós, mulheres, podemos."
CNTSS
Estavam presentes a 4ª Marcha das Margaridas os Diretores da CNTSS.
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